Com a recente vitória de Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos, especialistas alertam para a possibilidade de uma nova guerra comercial entre EUA e China. Esse cenário, embora marcado por incertezas, abre oportunidades para o agronegócio brasileiro, que poderá ver um aumento na demanda chinesa por produtos como soja, milho, algodão e carnes. Desde a primeira disputa tarifária entre as duas potências em 2018, o Brasil vem conquistando espaço no mercado chinês, especialmente em commodities agrícolas.
Caso Trump reforce as tarifas sobre produtos chineses, a China pode intensificar suas compras do Brasil, como forma de reduzir a dependência dos Estados Unidos. Atualmente, cerca de 75% da soja consumida pela China já provêm de produtores brasileiros, um índice que cresceu ao longo dos últimos anos devido às tensões comerciais. A expectativa de um aumento na demanda já vem refletindo nos prêmios pagos pela soja brasileira nos portos, o que indica preços mais altos para os exportadores nacionais.
Além da soja, o milho e a carne bovina também devem ganhar espaço no mercado chinês, especialmente após acordos recentes que facilitaram essas exportações. Segundo o pesquisador Lucílio Alves, da Esalq/USP, esses setores estão bem posicionados para suprir a demanda chinesa, o que pode ser um impulso significativo para o agronegócio.
Ainda que o momento seja favorável, a situação é diferente da de 2018. Nos últimos cinco anos, a China conseguiu diversificar um pouco mais sua base de fornecedores e estabilizar seu consumo, o que significa que o impacto positivo para o Brasil, embora real, tende a ser mais moderado. Mesmo assim, o novo cenário reforça a posição do Brasil como parceiro agrícola de grande importância para a China, consolidando o agronegócio brasileiro no cenário global.